sábado, 31 de maio de 2014

Malévola




ALERTA DE SPOILER

Malévola, estreado nesta quinta-feira no Brasil, consegue cumprir a proposta de atender ao público infanto-juvenil e adulto ao mesmo tempo. Os trailers dão a impressão errada de que o filme é sombrio e assustador – de fato, não havia nenhuma criança no cinema. Fiquem tranquilos, esse é um programa que pode ser feito em família sem o risco de choros.   

             
A produção propõe uma reconstrução da clássica história da Bela Adormecida, reproduzida em animação pela Disney em 1959, em que a princesa Aurora é amaldiçoada ao sono eterno por Malévola, e heroicamente resgatada pelo príncipe Philip. A Malévola de 2014 lembra a versão antiga apenas pelo visual, pois sua história é contada de forma a ela ser uma vítima, que em momentos de fúria, cometeu erros dos quais se arrepende. Na verdade, até a aparência da personagem clássica, que nunca tinha sido representada por uma atriz, foi modificada: ela ganhou protuberantes maçãs de rosto – inspiradas na Lady Gaga, segundo a produção do filme.

A escolha da atriz que vive uma das mais clássicas vilãs da Disney – ou heroína, como essa nova versão coloca – não poderia ser diferente. Angelina Jolie encarna como ninguém - do sorriso à postura - a personagem, principalmente nos momentos em que ela está mais tomada pelo ódio e desejo de vingança. Nesse filme, percebe-se um foco maior para a expressão de Jolie, e não para o seu corpo, o que é um avanço na carreira da atriz quanto ao reconhecimento de sua (bela) atuação.

Malévola – e esse é mesmo o nome dela, não um apelido adquirido pela fama de má – é uma fada que tem suas asas arrancadas pelo homem por quem era apaixonada, que se tornou rei. Tomada pelo desejo de vingança, ela lança uma maldição em Aurora, filha do rei. No entanto, ao conviver discretamente com a criança, Malévola se arrepende de suas ações e tenta reparar seus erros.

A princesa Aurora nada foge dos padrões em que já era representada: bonita, doce, agradável... e irritante. A personagem – interpretada por Elle Fanning, irmã da reconhecida Dakota Fanning - é tão excessivamente feliz e animada que, propositalmente ou não, provoca risadas na plateia. A beleza da atriz chama mais atenção do que sua atuação, o que é compreensível, pois os produtores não desejam tirar a atenção de Angelina Jolie.

Os efeitos especiais são de qualidade, e impressionam quanto às três fadas que são designadas para cuidar de Aurora: as fisionomias das atrizes não se perdem com a computadorização, e é bem fácil reconhecer pelo menos uma delas. No longa, as três fadas possuem nomes diferentes dos do desenho animado. As que eram antes Flora, Fauna e Primavera, agora são Flittle, Knotgrass e Thistlewit, o que tira um pouco da lembrança da animação que foi assistida por tantas crianças, hoje crescidas.

Príncipe Philip, infelizmente, não faz muita diferença na história. O ator, Brenton Thwaites, que possui visual similar ao de um Menudo, não deixa marcas em suas poucas aparições. Na verdade, nem mesmo é o seu personagem quem de fato salva Aurora de dormir para sempre.

Por fim, a trilha sonora é adequada e induz ao clima de aventura que se espera. Sente-se falta da clássica instrumental, no decorrer da produção, que foi regravada por Lana Del Rey. Teria despertado mais uma memória nos fãs da animação, além de dar mais emoção e seriedade para a produção. Infelizmente, a música toca apenas no final do filme.

Atingindo a um amplo público, Malévola diverte, mas principalmente desperta emoções e lembranças naqueles que gostam das primeiras animações de Walt Disney, não muito conhecidas pelas crianças de hoje.


Nenhum comentário:

Postar um comentário