A Copa do Mundo 2014 está chegando ao fim e, junto com ele,
nosso especial sobre os filmes estrangeiros de países que tiveram seus times em
campo. Caso você tenha perdido as publicações passadas, você pode acessar a
parte I aqui e a parte II aqui. Hoje, vamos falar de quatro países e dos mais
variados cantos do globo: dois deles da América Latina, um da Europa e outro da
Europa e Ásia.
MÉXICO
Diretor: Guillermo del Toro
Elenco: Ivana Baquero, Ariadna Gil, Sergi López
De todos os filmes da lista de hoje, este é provavelmente o
mais conhecido. “El laberinto del fauno” fez um verdadeiro sucesso, tornando-se
um dos filmes mais rentáveis do diretor mexicano Guillermo del Toro, que também
foi o responsável por escrever o roteiro. A obra, considerada uma produção
mexicana e espanhola, contou com a co-produção de Alfonso Cuáron, de “Gravidade”
(2013) e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (2004), e merece o mérito de
ser um filme fora do circuito hollywoodiano e, ainda assim, apresentar efeitos
especiais deslumbrantes. Apesar de não ter conquistado o Oscar de Melhor Filme
Estrangeiro, ao qual concorreu, levou as merecidas estatuetas de Melhor
Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Maquiagem – uma grande conquista
para um filme de outro país. Na história, nós acompanhamos a pequena Ophelia,
que descobre, através do Fauno, que precisa realizar três missões, a fim de conseguir
acesso ao submundo – um lugar literalmente mágico. Tudo isso no sombrio cenário
da Espanha fascista de 1944. É realmente imperdível.
ITÁLIA
Ladri di biciclette (1948) “Ladrões de Bicicletas”
Diretor: Vittorio De Sica
Elenco: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell
Um clássico do cinema italiano e mundial. Quem também
concorda com isso é o cineasta Woody Allen, que certa vez afirmou que este o “filme
italiano mais superior e um dos maiores filmes do mundo”. “Ladri di biciclette”
também ganhou um Oscar, o de Melhor Filme Estrangeiro, logo que essa categoria
passou a ser premiada. Com um elenco de atores não-profissionais, a película em
preto e branco surpreende por sua simplicidade e sensibilidade. A premissa não
poderia ser mais singela: Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) e seu filho (Enzo
Staiola) saem a procura de uma bicicleta que o homem usava para trabalhar e que
havia sido roubada. Com apenas isso, fez-se essa obra-prima, que quase sempre aparece
no topo da lista de críticos e diretores, como uma das maiores realizações da
história do cinema.
CHILE
No (2012) “No”
Diretor: Pablo Larraín
Elenco: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers
O mais recente desta lista, deu um grande impulso ao cinema
chileno, tendo tido uma ótima recepção de crítica e público. O “Não” do título é
dirigido à permanência no poder por mais oito anos do ditador chileno General Augusto
Pinochet, que já havia governado o país por 15 anos e resolveu, depois de muita
pressão internacional, fazer um plebiscito para que a população decidisse sobre
seu destino. Apesar do resultado real da votação poder ser facilmente descoberta
em uma rápida pesquisa, isso em nada tira a graça do filme, o qual parece propositalmente ter sido filmado com uma câmera amadora. O enredo, na
verdade, gira em torno de um publicitário de nome René Saavedra, interpretado
pelo ator, diretor e produtor mexicano Gael García Bernal. Enquanto René tenta
incentivar o povo a votar pelo “não”, tem que lidar com pessoas próximas a ele,
como seu chefe, que lutam para promover a campanha pela permanência de
Pinochet. Isso o obriga a adotar uma nova estratégia, bastante inusitada, que
vale a pena ver o filme para conferir.
RÚSSIA
Bronenosets Potyomkin (1925) “O Encouraçado Potemkin”
Diretor: Sergei M. Eisenstein
Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori
Aleksandrov
Este é daqueles filmes que você pode nem saber do que se
trata, mas certamente já ouviu seu nome alguma vez na vida. Pois bem, “Bronenosets
Potyomkin” (transcrição de “Броненосец Потёмкин”) é um dos maiores clássicos
russos e uma das obras do país mais comentadas até hoje, sendo muitas vezes
tido como um dos mais importantes filmes de todos os tempos. Seu diretor,
Eisenstein, também é bastante famoso, principalmente pelo seu trabalho como cineasta
soviético, além de ter participado da Revolução de 1917. A propósito, cabe a
observação de que, quando a película foi filmada, a Rússia ainda era a União
Soviética, que apenas se desfez em 1991. Com imagens bastante intensas e
efeitos inovadores para a época, não deve incomodar o fato de que o filme,
dividido em cinco partes, não tem nenhuma fala, já que em 1925 as vozes estavam
apenas começando a ser introduzidas nos filmes. O encouraçado Potemkin do título
é a embarcação onde acontece a revolta dos marinheiros, que estavam
insatisfeitos com a maneira como eram tratados, a qual pode ser considerada uma
rebelião precursora à própria Revolução Russa. Entre os temas abordados estão
justamente o poder de uma revolta popular, tema pertinente ao momento histórico
pelo qual o país passava. Merece destaque a icônica cena, no quarto ato, da
escadaria de Odessa.