quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Guardiões da Galáxia



ALERTA DE SPOILER



Recentemente, em entrevista, definido por Robert Downey Jr. (Homem de Ferro) como o melhor filme da Marvel, Guardiões da Galáxia (2014) de fato impressiona, por apresentar anti-heróis como protagonistas. Peter Quill, Groot, Rocket, Gamora e Drax são personagens que se mostram mais "humanos" (já que são extraterretres) e imperfeitos - com direito a bocejar, ajeitar a calça e acordar com a cara amassada - que a maioria dos super-heróis de filmes como Capitão América. Na verdade, uma das cenas mais marcantes do filme ironiza o heroísmo e a bravura excessivos, como uma crítica aos próprios filmes da Marvel.

O filme aposta no humor, da primeira à última cena, como estratégia (muito bem-sucedida) de conquistar o público. Algumas cenas ficarão para a história da Marvel, como a que o pequeno Groot dança ao som de Jackson Five. A trilha sonora, aliás, é mais um ponto alto na produção do longa: é composta de músicas pop americanas que foram lançadas entre a década de 60 e 80, que contribuem para arrancar sorrisos e risadas dos espectadores, quando combinadas a cenas e falas de humor ou fofura.



O elenco se destaca por figuras como Vin Diesel (Velozes e Furiosos) dando voz ao amável Groot e Bradley Cooper (Se Beber, Não Case) como o revoltado guaxinim Rocket Racoon. Chris Pratt faz um bom trabalho como o "herói" Peter Quill, enquanto David Bautista, que interpreta Drax, traz boas piadas, apesar de não chamar muita atenção. Já a Gamora de Zoe Saldana (que está em Avatar, o que mostra sua experiência em trocar de cor) parece um pouco esquisita com a pele verde, e mantém a atuação razoável. O filme também conta com a participação de Michael Rooker (Merle Dixon de The Walking Dead) como Yondu Udonta.

Para quem estava ansioso para ver como seria a versão do vilão Thanos para os cinemas, com certeza não se decepcionou. Algumas pequenas modificações foram feitas, mas continua bem fiel ao quadrinhos. Com apenas poucos minutos de participação, é possível saber que será ele quem tomará a cena de Os Vingadores 3. O visual do vilão Ronan também se manteve bem fiel, com apenas a mudança da cor de sua roupa.

Um dos aspectos mais comentados sobre a produção foi a cena pós-crédito, em que o Pato Howard, do filme Howard, o Super-Herói, aparece, talvez indicando uma futura participação do personagem na continuação de Guardiões da Galáxia. Sim, a frase em letras bem grandes "Os Guardiões da Galáxia voltarão", no final do filme, deixou bem claro que as aventuras de Peter, Groot, Rocket, Gamora e Drax não terminaram - o que foi confirmado pela produção do filme na Comic-con. Para quem ficou ansioso, o segundo longa já ganhou até data de estreia: 27 de julho de 2017.



terça-feira, 9 de setembro de 2014

Hércules


ALERTA DE SPOILER


Todas as crianças conhecem a história do Hércules, graças à animação feita pela Disney em 1997, que conta a história dos famosos 12 trabalhos. Dessa vez, não faremos comparação com os filmes mais antigos que também contaram a história do semi-deus, mas vou abrir um parêntesis para dizer que o estrelado por Kellan Lutz no início de 2014 foi horroroso.

Dirigido por Brett Ratner, o novo longa conta a história que sucede os 12 trabalhos. A maior falha do novo filme é a tentativa da desmistificação dos poderes do Hércules. Durante o filme, Hércules diz diversas vezes que as pessoas exageram em suas histórias, e que ele sempre teve ajuda de alguns companheiros, seu grupo de mercenários.

Os fãs da mitologia não vão gostar de algumas mudanças feitas no novo longa. O leão da Neméia não tem a pele impenetrável e - durante os créditos - é mostrado que o grupo de mercenários ajudou o herói durante seus 12 trabalhos, lançando flechas no leão ou dando uma mãozinha para que o semi-deus suba numa árvore antes de matar o javali de Erimanto. Além disso, a famosa Hidra de Lerna são homens que usam tal fantasia para assustar os inimigos. Ao mesmo tempo em que os monstros são mostrados falsos e que começamos a achar que Hércules é apenas um guerreiro normal, cenas como ele dando um soco tão forte que o cara é jogado a alguns metros ou ele se soltando de correntes - e quebrando as pilastras - são mostradas frequentemente, deixando a dúvida se ele é realmente um semi-deus ou não.



Independentemente de ser um semi-deus ou um humano, a escolha de Dwayne "The Rock" Johnson como Hércules foi boa. Após algum tempo de filme, dá pra se acostumar com a peruca, mas não deixa de ficar esquisito. Talvez uma das cenas mais memoráveis e que faria qualquer um soltar um "eita, porra" no meio do cinema, é uma das cenas finais, em que Hércules anda lentamente atrás de seu traidor, Euristeu, mostrando um porte físico digno do herói.






Mesmo com os clichês, Hércules é um filme que vale a pena ser assistido.

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Planeta dos Macacos: O Confronto




ALERTA DE SPOILER

Após dez anos dos acontecimentos do primeiro filme do reboot da saga, Planeta dos Macacos: O Confronto mostra um César mais velho e rei - diferentemente do suposto rei César visto em A Batalha pelo Planeta dos Macacos, de 1973 -, enquanto grande parte da humanidade sofre com o vírus símio. Logo nas cenas de abertura, é mostrada a velocidade com que o vírus se espalhou, e o terror e desespero que ele causou no planeta.

O roteiro possui leves semelhanças com o quinto filme da saga original. Os humanos não foram completamente aniquilados, mas os que sobreviveram entraram em guerra com os macacos, que passaram a dominar. Enquanto os humanos lutam para sobreviver, César lidera os macacos, montando uma pequena cidade que lembra à do filme de 73, com a ajuda de Rocket (Terry Notary), o macaco que "recebeu" César no filme anterior, Maurice (Karin Konoval), o orangotango, e Koba (Toby Kebbell), o que era coberto de cicatrizes, que também foi visto em A Origem. 



Koba possui ódio pelos humanos, já que eles o maltrataram, vendo apenas o lado ruim deles. Enquanto César tenta evitar a guerra, o outro faz de tudo para ter sua vingança, fazendo até uma tentativa - que ao decorrer do filme se mostra falha - de matar seu rei, colocando todos os macacos contra os humanos. 

Novamente, a crítica volta, em um diálogo - feito por meio de sinais, já que os macacos ainda sentem dificuldade em falar - em que César diz que os humanos se mataram e se destruíram, e que com os macacos é diferente, pois lá eles são família. O lema visto nos filmes anteriores "macaco não mata macaco" é mostrado em uma cena em que Maurice ensina aos jovens chimpanzés, sendo reforçado por César e Koba. É reforçado tantas vezes, que no final do filme, é possível prever as últimas frases de Koba. Após uma luta violenta contra César, ele está para cair de uma grande altura e pede ajuda ao inimigo, dizendo o lema. César, então, diz que Koba não é um macaco, e logo após, o vilão da história morre.


Um dos nomes que mais chama atenção no elenco é o de Gary Oldman, mas no filme ele quase não é visto. O humano principal é Jason Clarke (vivendo o personagem Malcom), que tem uma boa atuação - não é nada que se destaque entre outros, mas também não falha hora alguma. O resto do elenco segue o mesmo esquema, e - talvez por não ter tido espaço suficiente no filme - Gary Oldman também deixa a desejar.



Andy Serkis - que exclui apresentações - está mais uma vez em uma atuação incrível. Não só conseguiu ser um excelente Gollum, King Kong e o próprio César ingênuo e que temia tudo, como agora ele é o rei. Por mais que sua presença e voz ponham ordem, Koba - que é uma espécie de Aldo do filme de 73 - obedece seu rei até um certo momento. 

Com bons efeitos especiais e a mesma crítica presente em todos os filmes da série (sendo cansativo em alguns dos filmes antigos) e também dando uma explicação mil vezes melhor para a destruição da raça humana - sendo no antigo dada pela morte dos cães e gatos, e os chimpanzés foram adotados como bichos de estimação, que depois se revoltaram - Planeta dos Macacos: O Confronto é o melhor da série - excluindo, é claro, o original de 68. 


quinta-feira, 28 de agosto de 2014

Especial: Os Melhores Filmes de Todos os Tempos

Volta e meia, quando se discute sobre cinema, a pergunta fatídica tende a aparecer: qual o melhor filme de todos os tempos? Obviamente, não há uma resposta fácil − e talvez nem mesmo uma difícil −, entretanto isso nunca impediu que críticos e fãs da sétima arte tentassem buscá-la, utilizando-se dos mais variáveis critérios e referências. No geral, as grandes publicações promovem votações, às vezes especializadas, às vezes entre um público mais amplo, para chegarem a uma conclusão que, todos sabem, é tão discutível e dinâmica quanto uma opinião sobre uma pintura de Dalí.

De qualquer modo, ainda que lhes falte uma absoluta (e inalcançável) confiabilidade, tais rankings podem inspirar e dar dicas sobre grandes filmes já rodados. Isso porque quesitos como boa direção, boa fotografia, atuações memoráveis e uma trilha sonora adequada não são tão relativos assim, e, geralmente, há um certo consenso sobre quais obras acabam se destacando. É por isso que vale a pena dar olhada nas listas publicadas de tempos em tempos, nem que seja para conferir se bate com seu gosto pessoal.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Especial: Copa do Mundo - Parte III

A Copa do Mundo 2014 está chegando ao fim e, junto com ele, nosso especial sobre os filmes estrangeiros de países que tiveram seus times em campo. Caso você tenha perdido as publicações passadas, você pode acessar a parte I aqui e a parte II aqui. Hoje, vamos falar de quatro países e dos mais variados cantos do globo: dois deles da América Latina, um da Europa e outro da Europa e Ásia.


MÉXICO

El laberinto del fauno (2006) “O Labirinto do Fauno”


Diretor: Guillermo del Toro
Elenco: Ivana Baquero, Ariadna Gil, Sergi López

De todos os filmes da lista de hoje, este é provavelmente o mais conhecido. “El laberinto del fauno” fez um verdadeiro sucesso, tornando-se um dos filmes mais rentáveis do diretor mexicano Guillermo del Toro, que também foi o responsável por escrever o roteiro. A obra, considerada uma produção mexicana e espanhola, contou com a co-produção de Alfonso Cuáron, de “Gravidade” (2013) e “Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban” (2004), e merece o mérito de ser um filme fora do circuito hollywoodiano e, ainda assim, apresentar efeitos especiais deslumbrantes. Apesar de não ter conquistado o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, ao qual concorreu, levou as merecidas estatuetas de Melhor Fotografia, Melhor Direção de Arte e Melhor Maquiagem – uma grande conquista para um filme de outro país. Na história, nós acompanhamos a pequena Ophelia, que descobre, através do Fauno, que precisa realizar três missões, a fim de conseguir acesso ao submundo – um lugar literalmente mágico. Tudo isso no sombrio cenário da Espanha fascista de 1944. É realmente imperdível.



ITÁLIA

Ladri di biciclette (1948) “Ladrões de Bicicletas”


Diretor: Vittorio De Sica
Elenco: Lamberto Maggiorani, Enzo Staiola, Lianella Carell

Um clássico do cinema italiano e mundial. Quem também concorda com isso é o cineasta Woody Allen, que certa vez afirmou que este o “filme italiano mais superior e um dos maiores filmes do mundo”. “Ladri di biciclette” também ganhou um Oscar, o de Melhor Filme Estrangeiro, logo que essa categoria passou a ser premiada. Com um elenco de atores não-profissionais, a película em preto e branco surpreende por sua simplicidade e sensibilidade. A premissa não poderia ser mais singela: Antonio Ricci (Lamberto Maggiorani) e seu filho (Enzo Staiola) saem a procura de uma bicicleta que o homem usava para trabalhar e que havia sido roubada. Com apenas isso, fez-se essa obra-prima, que quase sempre aparece no topo da lista de críticos e diretores, como uma das maiores realizações da história do cinema.



CHILE

No (2012) “No”


Diretor: Pablo Larraín
Elenco: Gael García Bernal, Alfredo Castro, Antonia Zegers

O mais recente desta lista, deu um grande impulso ao cinema chileno, tendo tido uma ótima recepção de crítica e público. O “Não” do título é dirigido à permanência no poder por mais oito anos do ditador chileno General Augusto Pinochet, que já havia governado o país por 15 anos e resolveu, depois de muita pressão internacional, fazer um plebiscito para que a população decidisse sobre seu destino. Apesar do resultado real da votação poder ser facilmente descoberta em uma rápida pesquisa, isso em nada tira a graça do filme, o qual parece propositalmente ter sido filmado com uma câmera amadora. O enredo, na verdade, gira em torno de um publicitário de nome René Saavedra, interpretado pelo ator, diretor e produtor mexicano Gael García Bernal. Enquanto René tenta incentivar o povo a votar pelo “não”, tem que lidar com pessoas próximas a ele, como seu chefe, que lutam para promover a campanha pela permanência de Pinochet. Isso o obriga a adotar uma nova estratégia, bastante inusitada, que vale a pena ver o filme para conferir.



RÚSSIA

Bronenosets Potyomkin (1925) “O Encouraçado Potemkin”


Diretor: Sergei M. Eisenstein
Elenco: Aleksandr Antonov, Vladimir Barsky, Grigori Aleksandrov

Este é daqueles filmes que você pode nem saber do que se trata, mas certamente já ouviu seu nome alguma vez na vida. Pois bem, “Bronenosets Potyomkin” (transcrição de “Броненосец Потёмкин”) é um dos maiores clássicos russos e uma das obras do país mais comentadas até hoje, sendo muitas vezes tido como um dos mais importantes filmes de todos os tempos. Seu diretor, Eisenstein, também é bastante famoso, principalmente pelo seu trabalho como cineasta soviético, além de ter participado da Revolução de 1917. A propósito, cabe a observação de que, quando a película foi filmada, a Rússia ainda era a União Soviética, que apenas se desfez em 1991. Com imagens bastante intensas e efeitos inovadores para a época, não deve incomodar o fato de que o filme, dividido em cinco partes, não tem nenhuma fala, já que em 1925 as vozes estavam apenas começando a ser introduzidas nos filmes. O encouraçado Potemkin do título é a embarcação onde acontece a revolta dos marinheiros, que estavam insatisfeitos com a maneira como eram tratados, a qual pode ser considerada uma rebelião precursora à própria Revolução Russa. Entre os temas abordados estão justamente o poder de uma revolta popular, tema pertinente ao momento histórico pelo qual o país passava. Merece destaque a icônica cena, no quarto ato, da escadaria de Odessa.